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Foto do escritorPolitica de Botequim

Não é maremoto, é maré alta.

Por Daniel Soares


O que está acontecendo não vai mudar o país, como dizem muitos jornalistas, fazendo falsas caretas de espanto.



Não nos enganemos, maremotos são aqueles fenômenos sísmicos que produzem tsunamis, ondas gigantescas que entram arregaçando tudo que têm pela frente, obrigando as comunidades a se reorganizarem a partir de ruínas. Quem mora no Rio sabe que uma maré alta causa congestionamentos, e alaga umas avenidas, estacionamentos e casas na orla, podendo até mesmo fazer o esgoto voltar e aparecer à tona nos banheiros das casas, presenteando os moradores com o indefectível fedor de merda por uns dias; mas não causa muito mais que isto.


O que está acontecendo não vai mudar o país, como dizem muitos jornalistas, fazendo falsas caretas de espanto. As empresas Globo têm levado mais a sério esta teatralização que qualquer outro veículo. Até mercadologicamente é importante que ela assim faça, para valorizar ao máximo o furo que conseguiu – e é um puta furo mesmo, embora não tenha existido nenhum trabalho por parte de sua equipe de jornalismo, foi dado de mão beijada.


E é exatamente aí que começa o quiproquó. Muita gente tem se perguntado sobre os reais motivos que levaram o grupo Globo a dar o furo e se lançar em campanha contra Temer. Há muita mistificação por aí. O jornal deu o furo porque, se não desse, outros dariam. É claro que Joesley (duvidam que veremos uma enxurrada de bebezinhos se chamando Joesley?) levou a bomba para a Globo primeiro, afinal é o maior grupo jornalístico(?) brasileiro, ou o maior grupo de comunicação ao menos, com um dos três maiores jornais impressos, a maior rede de TV, a maior rede de TV a cabo, a maior rede de rádio, e o escambau. Mesmo para alguém com as montanhas de dinheiro como Joesley, não dá para brincar com a quadrilha da qual ele faz parte. Sim, continua fazendo. Ou alguém acha que nos próximos governos os donos da JBS vão se comportar exemplarmente, mesmo que à distância?


E é nos próximos governos que o “quid pro quod” vai continuar. Se – e que fique bem claro este se aí – Temer cair, os próximos governos continuarão na mão desta casta de usurpadores e assassinos que está aboletada na União, nos estados e nos municípios; no executivo, legislativo e judiciário. É muito esclarecedor Temer avisando a Joesley que tem no bolso dois juízes do STF.


Pois bem, entronado o príncipe ou qualquer outro do tucanato (ué? porque a surpresa? do PMDB não vai dar para ser, e o DEM não tem esta bola toda; quem sobra?), consolida-se a reconfiguração dos móveis da sala, agora sem o bode.

Mas podemos enveredar pela ideia de que Temer seja deposto pelo STE - que é a única alternativa para ele deixar o poder -, possibilidade plausível apenas pelo esforço das organizações Globo (outros grandes jornais têm se dedicado a aliviar a barra do Conde D. tupiniquim), que já vem propagandeando a ideia de que a quadrilha instalada no poder eleja indiretamente um novo presidente – de preferência FHC, pelo que se pode depreender dos telejornais da Globo; para quem duvida, veja uma reprise do Globo News Painel que foi ao ar nestes dias, onde é proclamado que este congresso tem legitimidade, que há que se seguir a Constituição (agora viraram legalistas?), que o futuro presidente a ser escolhido pelos Jucá, Maias, Nunes, Calheiros e demais Tiriricas deverá ser político aposentado e experiente, alinhado com o projeto neoliberal, tendo ocupado cargos de relevância no executivo, e ser “repositório da moral política brasileira” (acho que foi esta a expressão que usaram e que me fez cuspir em gargalhada o vinho que tinha na boca, o que quase me custou um computador), exemplificando com o nome de ninguém menos que ele, o príncipe.


Ah, sim, insistiram muito no referido programa sobre a necessidade de que esta substituição seja realizada a toque de caixa, para não atrapalhar o andamento das reformas neoliberais que salvarão a economia do país (eu, hein, alguém já pensou em perguntar quais as atuais opiniões do Banco Mundial e do FMI sobre o que estão a fazer aqui?).


Pois bem, entronado o príncipe ou qualquer outro do tucanato (ué? porque a surpresa? do PMDB não vai dar para ser, e o DEM não tem esta bola toda; quem sobra?), consolida-se a reconfiguração dos móveis da sala, agora sem o bode. Da mesma forma será jogado ao populacho o playboy amigo do traficante dono do helicóptero sem dono (o helicóptero foi devolvido? até hoje não soube se alguém foi reclamá-lo no pátio da federal), criando uma imagem de expurgo nos partidos.


Pensando bem, apesar do cheiro de merda que exala dos corredores em Brasília, a maré nem está tão alta.


Daniel Soares é só o diagramador da saporra, não deem muita bola não.

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